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Onofre Rodrigues da Silva

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Pequena História De Uma Grande Vida

I Uma vida de trabalho:

 

Onofre Rodrigues da Silva nasceu na fazenda Palmital, no dia primeiro de agosto do ano de 1928, de acordo com seu registro de nascimento, embora seus irmãos mais velhos afirmassem que  na realidade ele nascera no ano de 1927. Foi o nono filho, de um total de dez, do casal Aprígio e Idalina Rodrigues da Silva.

Desde a infância foi curioso e se sentia atraído pelas máquinas que começavam a aparecer nessa época, como carros e caminhões. Estudou até o terceiro ano e não pode continuar, pois tinha necessidade de trabalhar para ajudar no sustento do lar. Viviam épocas difíceis. Aprendeu a tocar violão sem ajuda de professor e juntamente com seu irmão caçula, Ezequias, que tocava acordeom, andavam léguas nos finais de semana, para irem até algum lugar que tivesse um rádio, a fim de aprenderem as músicas mais recentes daquela época. Os grandes ídolos de então eram Tonico e Tinoco.

No ano de 1950, Onofre casou-se com sua prima, Francisca Furtado da Silva, conhecida desde a infância pelo apelido de Nenê. Desse casamento nasceram duas filhas, Célia e Silvane. Nessa ocasião, ele teve contato com a Doutrina Espírita por intermédio de sua sogra, D. Otília Venância Furtado, que havia fundado o Centro Espírita União Francisco de Assis. Foi uma união feliz onde ambos os cônjuges, muito esforçados e trabalhadores, buscavam construir um patrimônio para a família. Em dezembro de 1966 foi tolhido da presença da esposa pela viuvez. D. Nenê faleceu aos trinta e seis anos de idade, deixando órfãs suas duas filhas, com doze e cinco anos respectivamente.

O Sr. Onofre, desde seu casamento, atuara em diversas áreas profissionais e, durante o ano de 1963, quando residiu com a família na cidade de São Sebastião do Paraíso, havia adquirido um caminhão com uma linha de leite que lhe rendia o sustento da família. Em 1964, tendo adquirido um comércio (uma venda) em Goianazes, voltou a ali residir com a família, levando consigo o caminhão que passou a ser utilizado para carretos variados pela comunidade, inclusive aos domingos, para conduzir o time de futebol para as comunidades vizinhas, por ocasião dos jogos e nas segundas feiras, para todos que tivessem necessidades de se dirigir a São Sebastião do Paraíso para resolver os mais variados assuntos. Naquela época não havia proibição de se transportar pessoas na carroceria de caminhões, sendo isso uma prática comum.

A viuvez o alcançou em uma época em que ele, Onofre, possuía um sítio que exigia atenção, um caminhão prestador de serviços à comunidade, que representava sua maior renda e suas filhas que necessitavam de assistência. Ele se desdobrava, mas a solidão lhe apertava o coração. Nesse contexto, ele conheceu uma jovem moradora de um sítio da região e começaram a conversar. As conversas evoluíram para um namoro e logo, para o casamento. De seu casamento com Silvia Emidio da Silva nasceram mais três filhos: Rosana, Ricardo e Suzana.

Homem probo e responsável, o Sr. Onofre se esforçava para o bom sustento de sua família, sendo devidamente secundado pela esposa. Por vezes desempenhava uma jornada tripla. Levantava-se muito cedo para tirar o leite de algumas vacas que fazia questão de ter. Este leite era vendido na comunidade abastecendo muitos lares. Após ordenhar seu pequeno rebanho, ia trabalhar com o caminhão, prestando serviços a todos que o procurassem. Chegando em casa no final da tarde, ia beneficiar arroz, pois havia adquirido uma máquina beneficiadora, visando o uso próprio e o aumento de sua renda.

No inicio do ano de 1988, ele vende seu sítio e se transfere para Capetinga, onde adquire um mercado no qual oferece sociedade a ser genro Lázaro Luiz da Cunha. Por uma série de motivos particulares, Sr. Onofre vende sua parte no mercado e volta para Goianazes onde monta um mercado. Como a atividade comercial era um de seus talentos, ele saiu-se muito bem. 

Como Goianazes não oferecesse campo de trabalho para a juventude, os irmãos, Rosana, Ricardo e Suzana, resolveram radicar-se na cidade de Franca em busca de oportunidades de trabalho e estudo. Como pai amoroso, o Sr. Onofre logo os seguiu, construindo uma casa naquela cidade e trabalhando como pedreiro em uma construtora.

Depois de alguns anos, receb4endo uma proposta de sociedade em um mercado em Capetinga, ele volta a ali residir como um dos sócios do Mercado Mini Box 2. Ali trabalhou até sentir que lhe faltavam as forças para tal. Dessa vez ele residiu em Capetinga até o dia dez de fevereiro de 2018, quando regressou à Pátria Espiritual.

II O homem e seu significado:

Onofre Rodrigues da Silva, um homem que apesar de ter uma infância difícil e uma juventude cheia de sacrifícios, não perdeu a alegria. Carismático sorria com facilidade, atencioso, conversava com todos que encontrasse fazendo amizade fácil sendo muito conhecido na região, prestativo, auxiliava com presteza aqueles que procurassem sua ajuda, cordato e pacífico, era muito solicitado para aconselhamento em questões variadas, desde problemas familiares a desentendimentos e inimizades que ocorressem na comunidade.

Durante vinte e cinco anos exerceu a função de Juiz de Paz junto ao Cartório de Registro Civil de Goianazes, onde era escrivã a senhora Valmira Furtado Bonacini, função essa não remunerada, mas que ele levava muito a sério aconselhando muitos casais, que em seus desentendimentos o procurassem para se aconselhar. Era, pelo exercício de seu cargo, considerado uma autoridade, sendo de seu alvitre consentir ou não quanto a instalação de circos ou parques, bem como a permanência de acampamentos ciganos no Distrito de Goianazes, sendo também solicitado por autoridades do município, como mediador em questões mais graves que surgiam na região.

Depois que teve seu primeiro contato com a Doutrina Espírita, o Sr. Onofre se transformou em um estudioso desta. Autodidata, lia muito buscando aumentar seu aprendizado, iluminando-se. Suas explanações a respeito do Evangelho de Jesus eram cheias de sabedoria. Gostava de escrever e era um importante colaborador do Jornal “O Distrito” que circulou por certo tempo em Goianazes. Exerceu por quase vinte anos a Presidência do Centro Espírita “União Francisco de Assis”, instituição fundada por Otília Venância Furtado. Durante esse período foi assíduo e vigilante, zelando pelo bom nome da instituição e exemplificando a conduta do verdadeiro espírita, como um homem de bem e verdadeiro cristão.

Muito consciente de seu papel frente a sociedade, Onofre Rodrigues foi um pai amoroso, preocupado com o bem estar e desenvolvimento intelectual, material e espiritual de seus cinco filhos, filhos estes que, graças a sua amorosa liderança, conseguiram ser unidos, apesar das diferenças de idade e de genitoras. Quando os lares ainda não tinham sido invadidos pela tecnologia, as famílias se reuniam e interagiam com amor. Naquele lar não faltavam as histórias, muitas retratando relatos do passado, e  as boas conversas quase sempre ao redor do fogão a lenha e muita música ao som do violão que aquele pai tocava com muita alegria. Gostava também de dançar e ensinava às filhas alguns passos mais complicados, muito comuns em sua juventude.

Era amigo de seus filhos sem por isso perder a ascendência sobre eles. Era amoroso, mas severo. Com o uso de diálogo, conseguia extrair as verdades mais difíceis e com franqueza expor seu ponto de vista, orientando sem grandes censuras, pois não gostava de conflitos. Incentivava os filhos a estudar e os ajudava a realizarem esse intento sempre que podia. Preocupado com o bem estar de seus cinco filhos, não media esforços para ajudá-los em suas necessidades.

Seria então um homem perfeito? Não. Semelhante a quaisquer outros homens encarnados nesse planeta escola, o Sr. Onofre tinha seus conflitos, suas dores e fraquezas. Porém, ao se realizar uma comparação entre erros e acertos, fica claro que em toda a sua trajetória ele foi um homem que se esforçou por progredir sempre no aspecto material, intelectual e espiritual. 

Texto por: Rosana Rodrigues da Silva.

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